Geogrelha de fibra de vidro: Desempenho, aplicação e benefício no reforço de solos e pavimentos

geogrelha de fibra de vidro bidirecional e unidirecional

A geogrelha é um geossintético de alta resistência à tração, projetado para o reforço e estabilização de solos e estruturas geotécnicas. Aplicada em bases de pavimentação, taludes e fundações superficiais, a geogrelha atua na redistribuição de tensões, aumento da capacidade de carga e controle de deformações.

Este artigo apresenta uma análise técnica baseada em estudos acadêmicos e experimentais, demonstrando o desempenho da geogrelha bidirecional, geogrelha unidirecional, geogrelha de fibra de vidro e suas aplicações em pavimentos, taludes e fundações rasas, com ênfase no comportamento mecânico e nas vantagens econômicas e construtivas.

Introdução

A crescente necessidade de soluções técnicas e econômicas em infraestrutura tem impulsionado o uso de geossintéticos em obras civis. Entre eles, a geogrelha se destaca como elemento de reforço em pavimentos, aterros sobre solos moles, contenções de taludes e fundações superficiais, proporcionando maior durabilidade e desempenho estrutural.

Estudos clássicos conduzidos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) por Barbosa (2010) apontam que o uso de geogrelhas pavimentos reduz significativamente as deformações permanentes, permitindo diminuição de espessura da base granular e economia de materiais.

De forma complementar, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), por meio de Dias (2020), demonstrou o ganho de resistência de solos reforçados com manta geogrelha aplicada em fundações superficiais, validando o aumento da capacidade de carga e a redução de recalques em ensaios de prova de carga direta.

Conceito e tipos de geogrelhas

A geogrelha é um material polimérico plano em forma de grelha, com aberturas regulares que permitem interação mecânica com o solo ou material granular. Pode ser fabricada em polipropileno (PP), polietileno de alta densidade (PEAD), poliéster (PET) ou fibra de vidro (FG), sendo classificada conforme a direção predominante de resistência:

  • Geogrelha unidirecional: elevada resistência à tração em um único sentido, ideal para reforço de taludes e muros de contenção.
  • Geogrelha bidirecional: resistência balanceada nos dois eixos principais, indicada para reforço de base em pavimentos rodoviários.
  • Geogrelha de fibra de vidro: apresenta baixa deformação e alta rigidez, utilizada em pavimentos asfálticos para controle de trincas por reflexão.

De acordo com Vertematti (2015) e Trichês & Bernucci (2004), o papel da geogrelha é proporcionar intertravamento entre partículas e redistribuição das tensões de cisalhamento, aumentando o confinamento e a rigidez da base granular.

Características técnicas e mecânicas

As geogrelhas possuem propriedades que variam conforme o tipo e aplicação:

  • Resistência à tração: entre 20 e 200 kN/m (alguns modelos ultrapassam 400 kN/m).
  • Alongamento máximo: inferior a 12 % (PP/PEAD) e até 3 % (fibra de vidro).
  • Módulo de elasticidade elevado: promove controle de deformações e aumento da vida útil da estrutura.
  • Estabilidade química e UV: alta durabilidade em solos agressivos e exposição prolongada.
  • Compatibilidade granulométrica: as aberturas da malha devem ser compatíveis com o tamanho do agregado para maximizar o intertravamento.

O desempenho mecânico da geogrelha na pavimentação (onde a geogrelha é muito utilizada) é mensurado por parâmetros como o Traffic Benefit Ratio (TBR) que é uma medida utilizada no projeto de pavimentos para quantificar a melhoria obtida com o uso de materiais de reforço, como geogrelhas. Ela é calculada como a razão entre o número de ciclos de carga que um pavimento reforçado pode suportar antes de falhar e o número de ciclos de carga que um pavimento similar não reforçado pode suportar nas mesmas condições.

Mecanismos de reforço e interação solo – geogrelha

O funcionamento da geogrelha baseia-se em quatro mecanismos principais:

  • Intertravamento: o agregado penetra nas aberturas da malha, gerando resistência ao cisalhamento e limitando deslocamentos horizontais.
  • Confinamento: a interação lateral aumenta a rigidez da camada de base e reduz deformações verticais.
  • Distribuição de tensões: amplia a área de dissipação de cargas, diminuindo tensões transmitidas ao subleito.
  • Redução de cisalhamento no subleito: minimiza a tensão tangencial e o recalque diferencial.

Aplicações da geogrelha

Geogrelha para pavimentação

O uso da geogrelha em pavimentação e vias é uma das aplicações mais consolidadas e tecnicamente eficazes entre os geossintéticos utilizados na engenharia civil moderna. Sua função é reforçar e estabilizar as camadas granulares da estrutura do pavimento — base, sub-base e subleito —, aumentando a durabilidade, a capacidade de suporte e reduzindo a necessidade de manutenção.

  • Função estrutural e comportamento mecânico

Em estradas, rodovias, pátios e vias industriais, as geogrelhas bidirecionais (PP, PEAD ou fibra de vidro) são posicionadas entre as camadas do pavimento para distribuir melhor as tensões provenientes do tráfego e conter o deslocamento lateral dos agregados.

Esse mecanismo de intertravamento entre o agregado e as aberturas da geogrelha impede a movimentação das partículas sob carga repetida, aumentando a rigidez da base e melhorando o módulo de resiliência.

Dessa forma, o pavimento reforçado apresenta menor deformação permanente (afundamento nas trilhas de roda) e melhor desempenho à fadiga, mesmo sob tráfego pesado ou em solos de baixa capacidade de suporte. Estudos realizados pela UFRGS (2010) indicam que o uso da geogrelha pode aumentar em até 40% a vida útil do pavimento e reduzir a espessura da camada granular em até 20%, sem comprometer a segurança estrutural.

  • Aplicação em novas vias

Em novas pavimentações, a geogrelha é aplicada diretamente sobre o subleito compactado ou entre a sub-base e a base, dependendo da necessidade de reforço. Quando instalada sobre solos moles, atua como elemento de distribuição de carga, minimizando recalques diferenciais.

Quando aplicada entre as camadas granulares, proporciona melhor confinamento dos agregados e reduz o bombeamento de finos, fenômeno comum em vias de tráfego intenso. A instalação é simples: basta desenrolar a manta geogrelha, realizar a sobreposição (tipicamente entre 0,3 e 0,5 m) e lançar o material granular sobre ela antes da compactação.

Essa metodologia resulta em melhor aproveitamento dos materiais locais, redução de custos de transporte e menor consumo de brita, contribuindo para a sustentabilidade da obra.

  • Reforço e reabilitação de pavimentos existentes

Em pavimentos já degradados, principalmente com presença de trincas por fadiga e deformações plásticas, a geogrelha de fibra de vidro é amplamente utilizada na camada anti-reflexão de trincas.

Instalada entre o revestimento asfáltico antigo e o novo, ela retarda a propagação de trincas e aumenta a aderência entre camadas, promovendo uma distribuição uniforme das tensões de tração geradas pelo tráfego.
Esse tipo de aplicação é essencial em recapeamentos e restaurações asfálticas, especialmente em rodovias e pistas aeroportuárias.

As geogrelhas de fibra de vidro 50/50 e 50/20 Tegape são ideais para essa finalidade, pois apresentam baixa deformação e alta rigidez inicial, resistindo às variações térmicas e às tensões repetidas típicas das camadas asfálticas.

Geogrelha em taludes e contenções

O reforço de taludes e muros de solo reforçado (MSE/RSS) com geogrelhas combina camadas horizontais de reforço com solo compactado para formar um maciço estável, capaz de suportar faces íngremes, cargas de coroamento e variações ambientais. Diretrizes consolidadas tratam de seleção do reforço, verificação de estabilidade interna/externa e desempenho em serviço.

Em síntese, o projeto deve:

  • Definir o tipo de geogrelha (PET, PP/PEAD ou FG) em função da rigidez, fluência e ambiente químico;
  • Verificar estabilidade global, deslizamento/viramento e capacidade de carga;
  • Checar arrancamento e ruptura do reforço (estado limite último) e deformações (estado limite de serviço);
  • Especificar drenagem e controle de erosão na face. (highways.fhwa.dot.gov)

Bases normativas e guias. Para muros e taludes em solo reforçado, os manuais do FHWA são referência de projeto e construção (MSE walls & Reinforced Soil Slopes, versões LRFD/ASD), com checagens de estabilidade interna/externa, definição de espaçamento vertical das camadas, comprimento útil de ancoragem e critérios de compatibilidade solo–reforço. (highways.fhwa.dot.gov)

No Brasil, a ABNT NBR 11682 estabelece requisitos para estabilidade de taludes/encostas, frequentemente usada como envelope global junto às verificações específicas de solo reforçado. O Manual Brasileiro de Geossintéticos compila aplicações, seleção de materiais e aspectos construtivos.

Geogrelhas em aterros e lixões – Separação e reforço das camadas

Nas obras de aterros sanitários, lixões controlados e áreas de disposição de resíduos sólidos, o uso de geogrelhas tem papel fundamental na separação de camadas, reforço de fundação e estabilização de taludes, garantindo segurança estrutural e controle ambiental de longo prazo.

Em sistemas desse tipo, a geogrelha atua em conjunto com geotêxteis e geomembranas, formando um sistema geossintético completo que proporciona:

  • Separação de camadas estruturais: a geogrelha evita a mistura entre o solo natural e o material de cobertura (brita, argila compactada ou solo drenante), mantendo a integridade da camada de drenagem e o desempenho hidráulico do sistema.
  • Reforço da base do aterro ou lixão: aplicada entre o solo de fundação e a camada drenante, a geogrelha bidirecional ou unidirecional distribui as cargas geradas pelo peso dos resíduos, reduzindo recalques diferenciais e aumentando a estabilidade global da estrutura.
  • Estabilização de taludes e bermas de contenção: as geogrelhas unidirecionais, geralmente de poliéster (PET) ou polipropileno (PP), são empregadas em muros de solo reforçado e taludes inclinados, evitando escorregamentos e deslizamentos de massa.
  • Proteção e suporte das geomembranas: a manta geogrelha também pode atuar como camada intermediária de suporte sob geomembranas PEAD, prevenindo danos por punção e melhorando a aderência entre as camadas.
  • Distribuição de tensões e controle de recalques: em fundações moles ou compressíveis, o uso de geogrelhas de alta resistência permite uniformizar a carga aplicada, mitigando deformações e prolongando a vida útil da célula do aterro.

Em projetos modernos de aterros sanitários de alta performance, a associação entre geogrelhas, geotêxteis e geomembranas constitui um sistema de engenharia ambiental robusto, que cumpre normas da ABNT NBR 8419 (Aterros Sanitários de Resíduos Sólidos Urbanos) e da NBR 13896 (Projeto de Drenagem de Lixiviados).

A aplicação da geogrelha de fibra de vidro também pode ser vantajosa em camadas superficiais de cobertura, quando há necessidade de controlar trincas, recalques e erosões localizadas, oferecendo uma superfície estável e durável para o revestimento final.

Assim, a geogrelha é essencial não apenas em pavimentação e fundações, mas também em obras de engenharia ambiental, onde atua como elemento de separação, reforço e proteção, contribuindo para a segurança, durabilidade e sustentabilidade de aterros e lixões.

Geogrelhas em plataformas industriais e pátios

Em plataformas industriais, pátios logísticos, portuários, ferroviários e de armazenagem, a geogrelha desempenha papel essencial na distribuição de cargas de tráfego pesado e na estabilização de subleitos fracos, garantindo desempenho estrutural duradouro mesmo sob condições extremas de solicitação.

Essas áreas, frequentemente sujeitas ao tráfego de veículos pesados, empilhadeiras, contêineres e equipamentos industriais, requerem altíssima capacidade de suporte e controle de recalques diferenciais. O uso de geogrelhas bidirecionais de alta resistência (PP, PEAD ou PET) permite que as tensões sejam redistribuídas lateralmente nas camadas granulares, reduzindo a concentração de esforços no subleito e evitando falhas estruturais prematuras.

Comparativo técnico: geogrelha de fibra de vidro vs poliéster (PET), polipropileno (PP) e PEAD

Visão geral rápida

  • Fibra de vidro (FG): altíssima rigidez inicial, baixo alongamento (≈1–3%), ideal para camada anti-reflexão e geogrelha para pavimentação (controle de trincas).
  • Poliéster (PET): alta resistência/rigidez com excelente desempenho à fluência (creep); favorito para geogrelha unidirecional em taludes e muros de solo reforçado com longas vidas de projeto.
  • Polipropileno (PP) e PEAD: muito usados em geogrelha bidirecional para base/sub-base de pavimentos e plataformas; boa durabilidade química e custo competitivo.

Propriedades mecânicas e deformacionais

  • Rigidez inicial (módulo): FG ↑↑ > PET ↑ > PP/PEAD ↑
  • Alongamento à ruptura: FG (≈1–3%) ≪ PET (≈8–12%) ≤ PP/PEAD (≈10–15%)
  • Fluência (creep) a longo prazo: PET (melhor) > PP/PEAD (bom, depende da temperatura) >> FG (não sofre creep relevante, mas é frágil a dano pontual)

Leitura prática

  • Precisa “travar” de imediato e limitar deformação? → FG
  • Precisa resistência sustentada ao longo de décadas (talude/muro)? → PET
  • Precisa estabilização de base com intertravamento e bom custo? → PP/PEAD (bi ou unidirecional conforme o caso)

Química, temperatura e UV

  • Química: PP/PEAD e PET têm excelente resistência a solos e águas; FG requer revestimento para proteger a fibra.
  • Temperatura: FG mantém rigidez mesmo em temperaturas elevadas da mistura asfáltica; PP/PEAD amolecem com calor, PET tem bom balanço.

Instalação e dano de manuseio

  • FG: muito rígida; excelente para colagem/asfalto.
  • PET: malha têxtil revestida, boa resistência ao dano de instalação.
  • PP/PEAD: malha extrudada/soldada, robusta para lançamento em obras de terraplenagem e intertravamento com brita.

Direcionalidade e escolha do tipo

  • Unidirecional: quando o esforço principal é em um eixo (muros, geogrelha talude). PET e PP são comuns; há FG unidirecional (ex.: 50/20, 200/30) para necessidades específicas.
  • Bidirecional: quando esforços são em dois eixos (bases de pavimentos). PP/PEAD dominam; FG bidirecional (50/50) é preferida quando a rigidez inicial e a aderência à camada asfáltica são críticas.

Aplicações da geogrelha

  • Fibra de vidro: geogrelha de fibra de vidro para pavimento (camada anti-reflexão, controle de trincas), restauração asfáltica, HMA quente.
  • PET: geogrelha unidirecional para muros/taludes e aterros sobre solos moles (vida longa + creep controlado).
  • PP/PEAD: geogrelha bidirecional em bases/sub-bases de rodovias, ferrovias e pátios (intertravamento + custo/benefício).

Para pavimentação e recapagem asfáltica de alto desempenho, as opções Tegape de geogrelha de fibra de vidro 

  • 50/50 bidirecional → reforço isotrópico e controle de trincas;
  • 50/20 unidirecional → tração predominante em um eixo (ex.: faixas/rodovias com solicitação direcional);
  • 200/30 unidirecional → alto desempenho quando é preciso rigidez e resistência marcantes no sentido principal.

Benefícios e custo-benefício

O uso da geogrelha em obras de pavimentação e fundações oferece vantagens técnicas e econômicas relevantes:

  • Aumento do desempenho e da vida útil das estruturas.
  • Redução da espessura de camadas e economia de material.
  • Instalação rápida, sem necessidade de equipamentos especiais.
  • A geogrelha possui preço competitivo em relação a soluções convencionais, considerando o ciclo de vida da obra.
  • Menor impacto ambiental devido à redução na extração de agregados e transporte de materiais.

Conclusão

A aplicação de geogrelhas representa uma solução técnica consolidada e economicamente viável para o reforço de solos e pavimentos. Os resultados dos estudos da UFRGS e UFPB confirmam o aumento da capacidade de suporte, o controle de recalques e a melhoria do desempenho estrutural, tanto em geogrelha pavimento quanto em geogrelha talude e fundações diretas.

A escolha entre geogrelha unidirecional ou bidirecional deve considerar o tipo de solicitação predominante (tração, flexão ou confinamento), as características do solo e o método construtivo. Com base nos avanços observados, a geogrelha se consolida como elemento essencial em projetos modernos de engenharia geotécnica e rodoviária.

Linha de geogrelhas de fibra de vidro Tegape

A Tegape, referência nacional em soluções técnicas para engenharia civil e infraestrutura, disponibiliza ao mercado sua linha de geogrelhas de fibra de vidro desenvolvida para aplicações em reforço de pavimentos, fundações e obras de contenção, oferecendo alta rigidez à tração e estabilidade dimensional.

Produzidas com filamentos contínuos de fibra de vidro e revestimento polimérico protetor, garantem desempenho superior em ambientes sujeitos a variações térmicas e químicas. A linha contempla três modelos com diferentes níveis de resistência, atendendo às mais variadas demandas de projeto:

  • Geogrelha de fibra de vidro 50/50 – bidirecional, com resistência à tração de 50 × 50 kN/m, abertura de 25 × 25 mm, gramatura de 230 g/m² e fornecida em rolos de 2,6 m × 50 m;
  • Geogrelha de fibra de vidro 50/20 – unidirecional, com resistência à tração de 50 × 20 kN/m, abertura de 25 × 25 mm, gramatura de 185 g/m² e rolo de 2,6 m × 50 m;
  • Geogrelha de fibra de vidro 200/30 – unidirecional de alto desempenho, com resistência à tração de 200 × 30 kN/m, abertura de 25 × 25 mm, gramatura de 430 g/m² e rolo de 2,6 m × 50 m.

Essas variações permitem selecionar a geogrelha mais adequada ao tipo de solicitação e esforço predominante da obra — seja para bases de pavimentos de alto desempenho, camadas asfálticas, muros de solo reforçado ou terrenos de baixa capacidade de suporte — assegurando qualidade, eficiência estrutural e durabilidade, com a garantia de fornecimento direto da Tegape, fabricante nacional com mais de 80 anos de experiência em soluções técnicas em telas e geossintéticos.