Peneiramento industrial: Desafios e soluções

peneiramento industrial, desafios e soluções

Neste artigo iremos tratar do peneiramento industrial indo direto ao ponto: como a qualidade da tela dentro da máquina – sua malha, material e montagem – afeta o cut size, o cegamento, a vida útil da peneira e o rendimento da linha, e quais ajustes práticos podem transformar esse “detalhe” em ganho real de performance e disponibilidade.

Peneiramento industrial 

Em grande parte das plantas industriais, o peneiramento industrial é tratado como uma etapa “simples” de classificação de sólidos. Porém, do ponto de vista de processo, a qualidade da peneira instalada dentro do equipamento (malha, material, construção e montagem) é um fator crítico para:

  • Eficiência de classificação
  • Estabilidade da curva granulométrica
  • Disponibilidade do equipamento
  • Consumo energético e retrabalho
  • Confiabilidade do produto final

Ou seja, a performance real do processo não depende apenas do modelo da peneira vibratória ou centrífuga, mas, principalmente, da especificação e do comportamento da tela em serviço.

Papel da peneira industrial no desempenho do processo

A peneira (tela) é o elemento de processo responsável por:

  • Definir o ponto de corte (cut size) efetivo
  • Controlar a distribuição granulométrica dos fluxos underflow/overflow
  • Manter a capacidade de vazão projetada sem perda significativa de área útil
  • Suportar tensões mecânicas, abrasão e, muitas vezes, corrosão
  • Evitar bypass, contaminações cruzadas e off-spec

Na prática, muitos gargalos de produção decorrem de telas subdimensionadas, mal especificadas ou sem controle de qualidade, mesmo quando o equipamento está corretamente dimensionado.

Desafios típicos no uso de peneiras industriais

Especificação inadequada da malha

Selecionar a tela apenas pela abertura nominal (mm ou mesh) é insuficiente. É necessário considerar:

  • Características do sólido: abrasividade, umidade, tendência a aderência e formato de partícula
  • Faixa granulométrica de alimentação e corte desejado
  • Tipo de movimento da peneira (linear, circular, elíptico, centrífugo)
  • Inclinação, tempo de residência e carga por área de peneira

Quando esses fatores não são considerados, surgem problemas como:

  • Corte impreciso (fino no grosseiro e grosseiro no fino)
  • Aumento de retrabalho e recirculação
  • Capacidade abaixo do projeto, mesmo com equipamento “correto”

Desgaste acelerado e falha prematura no peneiramento industrial

A incompatibilidade entre material da tela e severidade do processo leva a:

  • Perda de seção de fio, redução progressiva da abertura e desvio do cut size
  • Rompimento de malha e bordas, com risco de contaminação do produto
  • Aumento de intervenção corretiva (paradas não programadas)

Aqui entram decisões como:

Entupimento ou cegamento de malha e perda de área útil

Em materiais úmidos, finos ou pegajosos, é frequente:

  • Cegamento das aberturas e formação de “tapetes” de material
  • Redução da área ativa de peneiramento
  • Queda de capacidade e necessidade de redução da taxa de alimentação

Sem o controle de cegamento, o processo perde estabilidade e exige intervenção constante (limpeza manual, paradas frequentes, redução de carga).

Para minimizar o cegamento da malha, a Tegape oferece uma linha de batedores para peneiras vibratórias e outros processos de classificação. São até 25 modelos, com ou sem pino, com ou sem cerdas, para peneiras metálicas e sintéticas, planas ou cruzadas, incluindo versões duplas que limpam e ainda auxiliam na expulsão do produto. Conheça a linha de batedores para peneiras.

Montagem, tensionamento e interface mecânica

Mesmo uma tela corretamente especificada falha se:

  • O tensionamento for inadequado ou desigual
  • Existirem dobras, folgas ou falta de apoio nas bordas
  • A interface com o quadro da peneira não for precisa

Os efeitos práticos:

  • Concentração de tensões e ruptura em pontos localizados
  • Vibração irregular e aumento de ruído
  • Desempenho inconsistente mesmo com malha teoricamente correta

Falta de padronização e rastreabilidade

Sem controle de origem, lote e especificação das telas, a gestão de processo fica baseada em tentativa e erro:

  • Dificuldade de comparar desempenho entre turnos, produtos ou plantas
  • Impossibilidade de correlacionar vida útil x tipo de tela x condição de operação
  • Dificuldade em conduzir análises de causa raiz (RCA) em falhas recorrentes

Soluções técnicas para aumentar a eficiência e a confiabilidade no processo de peneiração industrial

Especificação conjunta: processo + tela

Em vez de tratar a peneira como um item genérico de reposição, é recomendável:

  • Incluir a especificação da tela já na fase de projeto
  • Permitir por meio de avaliações que a peneira seja avaliada durante o processo (qualidade, fornecedor, vida útil, tempo de manutenção, etc.) 
  • Trabalhar com curvas granulométricas de alimentação e produto alvo

A participação da engenharia de processo, manutenção e fornecedor de tela, em conjunto, reduz drasticamente retrabalho após a partida.

Controle dimensional e qualidade de fabricação

Para garantir repetibilidade:

  • Controle de abertura efetiva da malha por amostragem
  • Verificação de planicidade, paralelismo de fios e acabamento de bordas
  • Padrões de qualidade documentados (procedimentos estatísticos, rastreio de lotes)

Diferenças pequenas na abertura e no diâmetro do fio refletem em desvios significativos de vazão e cut size ao longo do tempo.

Seleção de materiais e construções específicas por aplicação

Exemplos de direcionamento:

  • Processos abrasivos → aços especiais, inox com alta resistência ao desgaste, ou módulos em PU/borracha
    Processos corrosivos → inox adequado ao meio (304, 316, etc.)
  • Tendência alta a cegamento → estudar a inserção de batedores
  • Altas cargas e impacto → malhas mais robustas, chapas perfuradas, reforços adicionais de bordas

A escolha correta reduz o TCO (Total Cost of Ownership) da peneira, mesmo quando o custo unitário da tela é mais elevado.

Procedimentos de montagem, inspeção e manutenção preventiva

Boas práticas:

  • Incluir a inspeção visual de telas no checklist de rotina
  • Definir limites de desgaste (espessura mínima, área danificada, nível de cegamento) para troca programada
  • Registrar dados de falha (tempo em operação, tipo de produto, condição de processo) para análise posterior
  • Em vez de trocar telas somente após a ruptura, a abordagem preventiva aumenta disponibilidade, segurança e previsibilidade.

Parceria com fornecedor técnico de peneiras industriais

Um fornecedor apenas transacional dificilmente contribui para ganhos reais de processo. Já um parceiro técnico pode:

  • Auxiliar na análise de falhas recorrentes (modos de falha típicos da malha)
  • Propor alternativas de materiais e construções com base em histórico de operação
  • Apoiar testes de campo e padronização entre unidades
  • Documentar e rastrear especificações de telas críticas por linha/produto

Esse modelo reduz a variabilidade e transforma o peneiramento em um ponto de controle robusto do processo, em vez de uma fonte constante de desvios.

Conclusão: olhar para o componente de processo, não só para o equipamento

Problemas como:

  • Corte granulométrico instável
  • Off-spec recorrente
  • Paradas frequentes para troca de telas
  • Cegamento excessivo e queda de capacidade
  • Falhas prematuras em malhas e bordas

Muitas vezes os problemas não estão no “tipo de peneira” escolhida, mas na qualidade e adequação da tela que está instalada dentro do equipamento. Tratar a peneira industrial como um componente crítico de processo – com especificação técnica clara, controle de qualidade, rastreabilidade e manutenção estruturada – é fundamental para quem busca:

  • Maior eficiência de classificação
  • Menor variabilidade de produto
  • Mais disponibilidade de linha
  • Redução de custo por tonelada processada

Se você atua com engenharia de processo, manutenção ou operação em linhas que dependem do peneiramento, vale a pena revisitar o tema com uma sugestão de check list na mão

Checklist de Peneiramento Industrial

1. Especificação da peneira (tela)

  • A abertura da malha (mm/mesh) está alinhada com o cut size especificado no processo?
  • O material da tela (aço carbono, inox, especial, polímero, PU, chapa perfurada etc.) é compatível com a abrasividade do produto, a umidade, a tendência à aderência ou com o ambiente corrosivo (químico, salino, etc.)?
  • O diâmetro do fio foi definido considerando vida útil x área aberta?
  • Há registro formal da especificação da tela para cada equipamento (código interno, desenho ou ficha técnica)?

2. Condições de operação

  • A taxa de alimentação (t/h) está dentro da capacidade por m² de peneira recomendada?
  • O tipo de movimento (linear, circular, elíptico, centrífugo) e a inclinação do equipamento estão ajustados para o produto atual?
  • Existem registros de off-spec relacionados a corte granulométrico (fino no grosso ou grosso no fino)?
  • Houve aumento recente de retrabalho ou recirculação associado à etapa de peneiramento?

3. Desgaste e falhas em tela 

  • Há monitoramento da vida útil média das telas por equipamento/produto?
  • As falhas mais frequentes são: Desgaste abrasivo – Corrosão – Ruptura em bordas – Rompimento localizado na malha
  • Há áreas recorrentes de falha (sempre no mesmo ponto da peneira)?
  • São coletadas amostras ou fotos das telas danificadas para análise de causa raiz?

4. Cegamento, entupimento e área útil

  • O time de operação relata cegamento frequente das malhas?
  • Existe rotina de limpeza manual durante o turno para manter o fluxo?
  • Já foram testadas alternativas de tela (malha de autolimpeza, geometrias diferentes, polímero, etc.) para reduzir cegamento?
  • Há monitoramento visual ou por inspeção da área ativa de peneiramento ao longo da campanha?

5. Montagem, tensionamento e interface mecânica

  • Existe um procedimento padrão de montagem/tensionamento da tela (com torque, sequência e reaperto definidos)?
  • A estrutura de apoio (quadros, travessas, suportes) está íntegra, sem deformações?
  • São verificadas dobras, folgas ou ondulações logo após a instalação da tela?
  • As bordas e fixações da tela apresentam desgaste ou folgas prematuras?

6. Manutenção e planejamento

  • O plano de manutenção prevê troca preventiva de telas, ou apenas substituição após falha?
  • Há checklist de inspeção de peneiras na rotina de manutenção/autônoma da operação?
  • O histórico de trocas de telas (data, horas em operação, produto, causa) é registrado em sistema?
  • As paradas de peneiramento são mapeadas como causa relevante de indisponibilidade na OEE?

7. Padronização e fornecedores

  • padronização de telas por equipamento e por produto, ou compra-se “o que tiver disponível”?
  • Os códigos internos de tela estão vinculados a especificações técnicas claras (malha, material, fio, construção)?
  • O fornecedor atual oferece suporte técnico (análise de falha, recomendação de malha/material, testes em campo)?
  • Já foi feita revisão conjunta “produção + manutenção + fornecedor” para reduzir custo total por tonelada peneirada?

8. Indicadores de desempenho do peneiramento industrial

  • A planta acompanha algum indicador específico para peneiramento, como: Eficiência de classificação / corte – Toneladas por m² de peneira – Vida útil média das telas – % de paradas por falha de peneira
  • Há metas claras para esses indicadores?
  • Melhorias implementadas na seleção/montagem das telas geraram ganho mensurável em capacidade, OEE ou qualidade?

Acesse o PDF com o check list e aumente a performance do seu equipamento de peneiramento industrial.

Categoria: Peneiração